quinta-feira, maio 31, 2012

Os dois lados

Para Bruno Oliviere, por mais um ano.
De lucas repetto.
Em mim cultivo
o lírio e o cacto
(o lírico e o sátiro)

Em verdades
sou plumas;
contra a farsa
sou áspero.

Para o bom
sou manso;
por dom 
sou triste.

E contra o mau
sempre aponto
o meu verso
em riste.


Fragmento: Menino sem fim — Wilson Pereira

Penthésilée


Raoul Ubac, Penthésilée, 1937; photograph; gelatin silver print, 15 1/2 in. x 11 1/4 in. (39.37 cm x 28.58 cm); Collection SFMOMA, Gift of Robert Miller; © Artists Rights Society (ARS), New York / ADAGP, Paris




Fonte: Sfmoma

terça-feira, maio 29, 2012

Esperança



O caixão fantástico


Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Cinzas, caixas cranianas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens.
De aberratórias abstrações abstrusas!

Nesse caixão iam talvez as Musas,
Talvez meu Pai! Hoffmânnicas visagens
Enchiam meu encéfalo de imagens
As mais contraditórias e confusas!

A energia monística do Mundo,
À meia-noite, penetrava fundo
No meu fenomenal cérebro cheio...

Era tarde! Fazia muito frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio!


Fragmento: Eu e outras poesias — Augusto dos Anjos