É crua a vida. Alça de tripa e metal.
Nela despenco: pedra mórula ferida.
É crua e dura a vida. Como um naco de víbora.
Como-a no livor da língua
Tinta, lavo-te os antebraços, Vida, lavo-me
No estreito-pouco
Do meu corpo, lavo as vigas dos ossos, minha vida
Tua unha plúmbea, meu casaco rosso.
E perambulos de coturno pela rua
Rubras, góticas, altas de corpos e copos.
A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arróio, lágrima
Olho d'água, bebida. A vida é líquida.
É a poesia mais seca que já li, áspera e honesta, pois se a vida é líquida como afirma, é atrito de granito, pedra pume, pedra sabão, escorrega, mais a de Hilda desce raspando, até acordar o poeta mais romântico dos românticos.
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